sábado, 20 de fevereiro de 2016

Encontro Clube Literário Palavras ao Vento - Debate Filmes Distópicos.

Que delícia foi o nosso encontro de hoje na Livraria Cia do Livro - Unidade Valença/RJ, pra falar sobre os filmes distópicos. As outras meninas (Pit Larah e Jéssica Pançardes), em seus respectivos blogs, também farão postagens sobre o encontro, mas eu confesso que não resisti e acabei cedendo espaço aqui, no Poetizar, para falar um pouco sobre o que rolou hoje lá na CL. Vem comigo!

Essa foto (que eu "roubartilhei" do Instagram da Nívia Couto Lopes, outra amiga nossa e membro do CLPV, ficou linda e retrata bem o clima leve, descontraído e feliz que se criou hoje na CL, por ocasião do nosso encontro.
Para quem não sabe, o Clube Literário Palavras ao Vento promove encontros abertos ao público, onde debatemos sobre cultura de modo geral, mas sempre mantendo a temática Literatura, que é a nossa grande paixão! Divulgamos com antecedência em nossas páginas e grupos no Facebook (no final da matéria vou disponibilizar os links para vocês acessarem) e também por meio do Whatsapp, onde temos um grupo.

Na primeira foto, da esquerda para a direita, a galera que debateu sobre distopia: Pit Larah, Nívea Couto Lopes, Jéssica Pançardes, Elayne Amorim, Natália Menezes (agachada), Aléxia Vargas, Isabel Custódio, a Luciana Chaves, que chegou quase no finalzinho e eu. Sanger Nogueira e Fabrício Lopes completam nosso time.




Cada um de nós apresentou ao grupo suas impressões sobre os filmes distópicos que assistiu. Quer conhecer a lista dos filmes debatidos e saber um pouco mais sobre distopia? O blog da Jéssica te conta tudo!!! Clique aqui e veja a matéria completa! 





Muito legal também foi o sorteio de livros e marcadores que rolou entre a galera do Clube e também os clientes que estavam na livraria naquele momento. Divertido para eles e para nós!






O saldo mega positivo dessa manhã de sábado, que passamos na companhia de pessoas queridas, falando sobre livros e filmes, só nos mostra que o caminho é esse mesmo. É preciso promover a cultura entre os jovens, despertar o interesse pela leitura, disseminar o conhecimento promovido por ações como essa. E é mesmo ótimo estar no caminho certo! 

Quer conhecer mais do que fazemos? Acesse:

Clube Literário Palavras ao Vento

Fanpage Da Tribo do Amor

Fanpage Poetizar

Fanpage Hi Jéssica


Até o próximo encontro!








quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Árvore - Um poema para Carolina Soares



Silencia tuas vozes, teus ruídos internos, e ouve apenas teu coração bater.

Abre um pouco as cortinas, de modo que somente um raio de sol tímido possa atravessá-las, para que a totalidade do breu se acanhe e não ouse incomodar-te com veemência. 


Ouve os pássaros lá fora, e tenta adivinhar de onde vêm e para onde vão.


Fecha os olhos e imagina o céu azul de tua infância, onde o calor não te eras insuportável e o brilho do sol na água te preenchia o tempo com alegrias inexplicáveis e insubstituíveis.

Sente o gosto do sal, do mel, o frescor das frutas e lembra-te que só és capaz de ver beleza na dor porque és tão belo quanto.

Canta, se assim o quiseres. Grita, se achares que é preciso.

Fala contigo todos os dias, conquanto silencie o tempo que precisares.

Sorri sempre, porque a luz emanada de teu sorriso é vital para os animaizinhos que te cercam.

Torna-te, por fim, árvore esplêndida, silenciosa e perene, cujos galhos tortos por ventanias passadas não impediram que forte crescesse teu caule, firmes se tornassem tuas raízes e que o vento, ora bom, ora ruim, ajudasse a espalhar pelo mundo as folhas-frutos de uma alma infinita.





Ouça a trilha do poema Árvore no Spotify:



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Bolinhos de Sol

Nascera Maria de Soledad, filha de pai espanhol e mãe carioca. Era Sol desde que se entendia por gente. Para os colegas da escola, os professores, os amigos mais chegados. Mas Sol gostava mesmo era de chuva. Tinha uma alma invernal. Sofria com as intempéries do verão, passava longe da praia, protetor solar era fator 300, se existisse. Não era daquilo. Pensava na Espanha, terra da qual falara a mãe, desde que o pai, um latin lover de meia idade, se mandara sem deixar rastro. La siesta, contava ela, tradição que fechava o comércio, chateando os turistas e jogando o povo na cama por causa do calor insuportável. Queria distância. Quem sabe um dia, no auge do inverno europeu, ela pudesse visitar aquele lugar?

Sentada em sua poltrona preferida, Sol pensava nos dias frios com saudade. O verão viria com tudo naquele ano e ela, ainda sem trabalho, queimava os miolos por uma forma de ganhar um dinheirinho. Passou o vendedor de picolés, que ela não via há tempos. Ainda era primavera e ela olhou espantada pro rapaz, todo animado, com aquele vozeirão, “olha o picolé de fruta aeee!!!”. Sol achou a ideia boa. E se vendesse picolés na janela de casa? Mas desistiu logo em seguida, porque já tinha aquele vendedor na sua rua e não queria prejudica-lo. Uma hora se passou, ela dava asas aos seus pensamentos quando então começou a chover. Uma chuvinha fina, fria e insistente, e ela foi pra cozinha. Decidiu fazer bolinhos de chuva. Enquanto comia, pensava no porque daquele nome curioso. Imaginou que em alguns lugares do mundo, quando chovia por muito tempo, as pessoas ficavam mais em casa, comendo e conversando, desfrutando da companhia umas das outras. Lembrou da Espanha, da siesta e entendeu que não era só a chuva que fazia as pessoas ficarem em casa. Sol ficou animada com a ideia que teve. Acabara de descobrir um jeito de trabalhar e de celebrar a saudade do inverno.

O verão chegou. E de sua janela, agora toda enfeitada com motivos alegres e coloridos (coisa antes impossível de ser sequer pensada, muito menos realizada), ela vendia bolinhos. Bolinhos doces e salgados. Com recheios de fruta e até de sorvete. Bolinhos tropicais com um toque espanhol. Bolinhos para quem trabalhava e não tinha tempo de ir almoçar, para quem passava apressado, quem tinha tempo para uma boa prosa, ou para quem simplesmente se intrigava com aquela moça que tinha inventado uma loja na janela de casa. Bolinhos que alimentavam de esperança os encalorados, saudosos do frio, e também os amantes do verão, que se refrescavam com os picolés de fruta, já que o vendedor se instalara ali por perto e sempre puxava conversa com ela.

Os bolinhos de chuva, que no inverno serviam para reunir as pessoas em casa, eram agora rebatizados por aquela menina, meio carioca, meio espanhola, que adorava o frio e que aprendera a ganhar seu sustento, alimentando o amor pelo inverno em pleno verão carioca. Até hoje, não há quem passe naquela rua sem experimentar, pelo menos uma vez na vida, os deliciosos bolinhos de Sol.