quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Nó de Gravata

Eu desejei tudo: sair pela tangente, fugir urgentemente, estapear alguém na cara, ouvir Caetano e sua Odara, tomar uma vitamina, beijar aquela menina, dançar uma noite inteira, bater alguma carteira, ser zen, ser hippie, ser yogue, ser budista e umbandista, ser sincera por um triz, ser eu mesma e ser feliz!

E aí correndo do jeito que eu estava nem vi aquele buraco, pisei em falso, caí e sentei a cara no chão duro da minha realidade. Ô vida! Levantei e vi que rasguei a calça no joelho. 

Ih, mas tá tão na moda esse negócio de roupa rasgada, acho que foi até bom mas...ai, tá tudo ralado!

Mãe, tem Merthiolate aqui em casa? Sei lá, menina, olha na farmacinha (aquela caixa de sapato cheia de remédios com a validade vencida que a mãe guardava num armário de algum lugar):


Tem não, vou limpar esse ralado do joelho com soro fisiológico mesmo, tá?!

Eu lavei o ralado e voltei pros afazeres da vida e assim foi a vida inteira. 


Não, assim tá sendo a vida pela metade, porque tô no meio do caminho.

Deitei na cama e olhei pro céu.


Era sábado à noite e o teto não atrapalhava eu ver as estrelas lá fora com os olhos do meu pensamento.

Tinha aquela calça jeans nova no armário. A camisa branca de vampiro da era vitoriana.


E a gravata preta. Era tudo por causa daquela gravata. E o nó. Tinha sempre um nó pra eu desatar.

Esquenta não guria...você tem é tempo. Pega um barco e sai por aí navegando. Tá tudo azul, já dizia o Lulu...

Decidi que eu ia ser o que desse pra ser e ser feliz sem forçar a minha barra. E foi então que eu entendi:


Não dá mesmo pra ser tudo o que se quer, mas dá pra se divertir tentando!