Ontem eu fiz aniversário. Comemorei a chegada dos meus quarenta anos. Mas, diferentemente de quando se está na adolescência, a euforia de aniversariar na maturidade é substituída por uma série de outros sentimentos. Fiquei lembrando como eu adorava a data, mesmo sem festa, pois meus parentes sempre foram pessoas pra lá de esquisitas e nunca tive uma festa normal, de gente normal, com gente normal, para gente normal. Normal no sentido de amigos, música, gente pela casa, os mais velhos conversando na cozinha...essas coisas. Nunca tive. Aliás, minha vida, se for vista pelo prisma da normalidade, é uma verdadeira aberração.
Cheguei aos "enta", donde só sairei para a eternidade, sem marido, sem filhos e me graduando. E logo agora que eu, na melhor das hipóteses, cruzei a metade do caminho, resolvi me tornar agnóstica. Maçada! Mas vamos em frente, porque eu acredito num céu para os gatos, para os cachorros, para os animais em geral e como eu já terei morrido, nenhum rinoceronte vai poder me pisotear.
Mas a vida é muito engraçada. Para alguns, o importante é crescer, se formar, trabalhar, casar, formar família.... Para outros, qualquer problema na vida amorosa é suficiente para desmoronar tudo. Importante é o amor, mesmo que se esteja numa cabana. Para outros ainda, tudo estará bem se o lado profissional estiver nos trilhos. Melhor curtir a solidão lá em Paris do que aqui e sem dinheiro.
Então, se cada um valoriza mais um aspecto, como eu posso me orientar para encontrar um sentido que acredite ser o mais importante? Será que há algum que seja mais? Será que o equilíbrio é viável, ou utópico? Será que o importante mesmo é estar bem financeiramente ou emocionalmente?
Que coisa... Talvez eu passe a outra metade do caminho pensando sobre isso, confabulando, meditando, "eu cá com meus botões de carne e osso... Eu penso e posso."
Os primeiros quarenta anos da infância, realmente, são os mais difíceis. E os mais incríveis também!